
Prisão do Céu
O PÁSSARO INCAPAZ
Há um imensurável horizonte azul
E como um pássaro na gaiola
Anseio em desbrava-lo.
Eu tenho asas que não podem voar,
Cujo vento levou uma parte delas
E aos poucos, sinto que estou perdendo a capacidade de usa-las.
Eu tenho um canto que não pode ser ouvido,
Que ecoa para o vazio,
Cada vez mais distante, se torna silêncio...
As vezes esse silencio pode ser ensurdecedor.
Eu tenho uma beleza que não pode ser vista,
Uma infinidade de detalhes,
Uma vista para os cegos.
O PÁSSARO MEDROSO
Palavras afiadas trazem a incapacidade
Olhares penetrantes trazem a insegurança
E os fantasmas que me assombram trazem o medo.
Observo as nuvens brancas que desvanecem no céu
Levadas pelo vento, inalcançáveis.
Um horizonte finito
Onde só posso ver o que está diante de mim.
O PÁSSARO SOLITÁRIO
Fujo dos anjos, pois penso que são demônios
E dentro da prisão fria, congelo o Oceano
Esperando a chama morrer...
Só me resta o nada,
Apenas um pássaro preso nas nuvens cinzentas.